Evolucionismo
Como
tudo aconteceu
(Texto de: Reginaldo Ferrão, morador da cidade de Batatais-SP e
aspirante a biólogo)
A maior parte da comunidade científica atualmente (biologia,
química, física) acredita que a vida surgiu a muito tempo e sofreu uma série de
transformações ao longo do tempo. Por isso estudar biologia, hoje, requer
compreender a evolução dos seres vivos como o mecanismo principal da seleção e
origem das espécies. Por isso um grande observador da natureza e criador de
diversas obras sobre os seres vivos, célebre personagem da história humana, Charles
Darwin não poderia ficar de fora.
Charles Darwin nasceu em Shrewsbury em 12 de fevereiro de 1809 e faleceu em
Londres em 19 de abril de 1882, aos 73 anos após muito trabalho e dificuldades
de saúde.
A cerca de 150 anos ele mudou a forma de enxergar a história da vida quando
publicou seus trabalhos, resultado de anos de pesquisas e uma longa viagem ao
redor do mundo. Seus trabalhos defendem que a vida é resultado de uma evolução
diferente do que se pensava até então. Os organismos não se modificavam em
vida, mas sim, já nasciam com características que os permitiriam sobreviver com
mais sucesso. Ou seja, os animais podiam ser extintos se não fossem adaptados
ao meio ambiente. Ficou estabelecido que os seres vivos partilhavam um
ancestral em comum, incluindo o homem, o que tornou o reconhecimento do seu
trabalho demorado e gerou muita polêmica.
Mas seu principal trabalho (A Origem das Espécies) não foi feito
sozinho. Um jovem naturalista chamado Alfred Russel Wallace, que também
conheceu terras distantes, colaborou com a teoria da evolução.
Charles Darwin foi um naturalista britânico do século XIX que se interessou
por histórias naturais desde pequeno e isso se intensificou enquanto ainda
cursava medicina na faculdade. Durante 5 anos ele viajou pelo mundo observando
a natureza e associando e descrevendo os seres vivos, sempre anotando tudo que
via, coletava espécimes para trazer à Inglaterra e serem melhor estudados.
Confiava suas ideias de evolução apenas aos amigos e parentes visto que na
época a evolução era tida como tabu devido à religião. Entre a criação da obra
sobre a seleção natural e sua publicação levaram cerca de 20 anos.
Darwin é tido como um dos maiores expoentes da biologia. Tido como "Pai
do Evolucionismo" ele foi diversas vezes premiado e convidado a ocupar
importantes cargos na área que atuava. Devido à sua imensa contribuição para a
biologia até hoje sua forma de pensar e associar diversas áreas como botânica,
zoologia, geologia, antropologia, paleontologia e até mesmo psicologia humana
deixa claro que Darwin foi um cientista e pensador com determinação, incansável
em sua luta pela verdade sobre a origem e evolução dos seres vivos. Foi
enterrado na Abadia de Westminster ao lado de Isaac Newton com honrarias de
estado.
Nasceu em berço de ouro na abastada família Darwin-Wedgwood pertencente
à elite intelectual da época e logo cedo foi mandado para estudar. Era neto de Erasmo
Darwin, o qual também colaborou para o conhecimento de botânica e
medicina. Sua mãe morreu cedo, quando ele tinha apenas 8 anos de idade. Gostava
de colecionar pedras, insetos e ovos, um sinal evidenciando seu futuro
promissor. Mas a tradição da família, a medicina, falava mais alto. Seu pai era
médico por isso Darwin seguia seus passos na medicina ajudando-o em tratamentos
de pobres da cidade. Logo que começou a se envolver mais na medicina ele
percebeu que as cirurgias eram cenas fortes demais e isso impedia que Darwin
seguisse seriamente a carreira de medicina.
Mesmo assim ele foi beneficiado com diversas disciplinas voltadas à história
natural e tinha como professores pessoas de renome na Universidade de
Edimburgo, onde estudava. Aprendeu taxidermia (o popular "empalhamento de
animais") com John Ednomonstone, um ex-escravo que inspirou Darwin
quando narrava sobre as florestas tropicais da América do Sul.
Aos poucos foi se envolvendo mais com história natural que com medicia
propriamente dita. Fazia discursos e estudava a evolução conhecida na época
estabelecida por Lamarck (que acreditava que os animais se modificavam
em vida). O trabalho de um dos seus professores sobre a vida marinha o fez
perceber que os animais possuem muitos órgãos internos semelhantes apesar de
serem fisicamente diferentes. Teve uma vida de universitário repleta de
conhecimentos ao seu dispor.
Aprendeu sobe geologia estratigráfica (estudo
das camadas de rochas para determinar os eventos do passado). Ajudou a
classificar plantas e trabalhou nas coleções do museu da universidade.
Seu pai notou que Darwin não se interessava muito por medicina, mas queria
um bom futuro para seu filho, então o matriculou na Universidade de
Cambridge para se tornar um clérigo. A nova educação permitia que Darwin
tivesse uma boa renda e, além disso, poderia se dedicar ao estudo da natureza
porque estudar as criações de Deus era um dever entre os teólogos da época. Não
ocorreu como esperado e Darwin cavalgava, atirava e colecionava insetos mais do
que estudava apesar de tirar boas notas em teologia, matemática e física.
Sua fascinação pelas espécies de insetos era tanta que um importante
botânico e especialista em besouros (além de reverendo) chamado John Stevens
Henslow que se tornou seu principal tutor e Darwin seu aluno predileto.
Darwin já contava com vinte e poucos anos quando tomou conhecimento dos
trabalhos de Adam Sedgwick e ficou interessado na questão de um projeto
divino na natureza, um design inteligente como tentam interpretar hoje.
Viajar era o que Darwin queria na sua juventude, conhecer o mundo como os
principais naturalistas faziam. Henslow o indicou para uma expedição de 2 anos
que daria a Darwin sua oportunidade de se tornar um importante naturalista. A
viagem tinha por objetivo mapear os litorais da América do Sul e se prolongou
por quase cinco anos se tornando um marco para a biologia como nós a conhecemos
hoje.
Para compreender melhor as populações biológicas, Darwin precisou partir
para novas descobertas a bordo de um navio que ficou famoso. Se chamava HMS
Beagle que deu origem a um famoso livro chamado "A Viagem do HMS
Beagle". Era a segunda viagem do navio que levava Darwin, em 1831,
para mudar os "dogmas" que o mundo tinha sobre as espécies. Darwin
contava com apenas 23 anos de idade. Seu trabalho era observar, coletar
animais, descrever e principalmente registrar tudo que via. Estudava as
espécies, muitas restritas ao local que visitou, os povos e os solos rochosos
(geologia estratigráfica). Muitas espécimes que coletava eram ainda
desconhecidas pela sociedade inglesa e não catalogadas. Nessa época não haviam
as divisões claras que temos hoje em biologia, por isso Darwin, como
naturalista, contribuiu para a ecologia, antropologia, paleontologia, geologia
e evolucionismo.
No campo da ecologia introduziu o conceito de biocenose (interação
entre os animais da mesma região). No campo da geologia, Darwin, ao se deparar
com solos erodidos (que sofreram erosão) da Patagônia, notou que conchas
típicas de praias estavam em níveis acima do nível do mar supondo, assim, que
um dia aquele solo foi uma praia. No chile pode presenciar mexilhões presos nas
rochas acima da água e associou isso ao terremoto recente do local. Até mesmo
no alto dos Andes ele encontrou conchas. Teve como ajuda um livro a bordo do
navio chamado Princípios da Geologia de Charles Lyell. Tal livro o
ajudou a interpretar melhor o que via. Pode observar, também, que corais iam
avançando montanha acima conforme o solo ia descendo lentamente.
Há cerca de 10 à 20 mil anos viveram mamíferos enormes na América do Sul
como o megatério (bicho-preguiça gigante) e gliptodonte (Uma
espécie de tatú gigante). Seus fósseis foram localizados e descritos por Darwin
que os associou com grandes animais africanos. Ao retornar à Inglaterra,
Richard Owen (criador do termo "dinossauro") disse que os fosseis
eram mais parecidos com os animais já existentes do continente, como o
bicho-preguiça e o tatú ajudando Darwin a ser reconhecido como importante
naturalista. Mais tarde Owen viria a se opor à teoria de evolução de Darwin.
Sua aventura continuou pelas Américas e na Argentina ele verificou que dois
tipos de emas viviam na mesma região, mas sem relação alguma. Seus principais
trabalhos ocorreram em Galápagos, um conjunto de ilhas próximo ao
Equador onde há uma notável variedade de espécies endêmicas (próprias da ilha),
praticamente um laboratório de biologia até hoje. Assim como as emas da
Argentina, Darwin verificou que uma espécie de pássaro chamada de "cotovia"
e certas espécies de tartarugas existem em todas as ilhas, porém tinham
pequenas diferenças assim como mexilhões e tentilhões. Essas novidades formaram
a base para a sua teoria da evolução muitos anos depois.
Na Austrália ele se deparou com o ornitorrinco e o rato-canguru que forçaram
Darwin imaginar que um cético vendo-os diria que eram obras de criadores
diferentes. "Claro! Imaginando em terceira pessoa e registrando isso, era
um meio para evitar críticas religiosas" (nota de Reginaldo Ferrão, autor
desse artigo). Já na Inglaterra deu continuidade aos seus trabalhos como a
distribuição das espécies com a ajuda das teorias de Charles lyell e
mais tarde reforçou a ideia de evolução por causa dos estudos nas ilhas de
Galápagos onde, segundo Darwin, poucas espécies resultaram em várias para
atender diferentes necessidades ao longo do tempo.
Darwin era observador demais, não só no campo da história natural, mas na
antropologia também. A bordo do navio HMS Beagle haviam três nativos da Terra
do Fogo (ilhas ao sul da América do Sul) que viviam na Inglaterra há dois anos
para serem "civilizados" e estudados. Possuíam traços selvagens e não
eram considerados humanos puros pelos ingleses. Somando isso a todas as
condições que Darwin viu ao longo de suas viagens, como colonos maltratando
escravos, principalmente na Tasmânia, ele concluiu que não haviam bases morais
para tais atos contra outras raças e que os humanos civilizados não eram tão
superiores aos outros animais. Os nativos foram devolvidos à sua terra onde
voltaram rapidamente aos costumes do local contrariando as expectativas
inglesas de que poderiam ensinar aos seus conterrâneos os bons costumes da
Inglaterra.
Assim como todo ser humano exposto em condições adversas e climas
diferentes, Darwin também sofreu e adoeceu diversas vezes de enjoo, de dores
estomacais e de cabeça. Certa vez ficou um mês de cama. Seus sintomas
permaneceram mesmo após regressar das expedições e aumentavam a medida que se
envolvia mais com seu trabalho sendo necessário diversas vezes tirar um repouso
no campo. Enquanto viajava a bordo do HMS Beagle, Henslow, um dos seus
professores, botânico e reverendo, o ajudou organizando os trabalhos de Darwin
e divulgando-o nos meios acadêmicos. Assim, quando voltou de viagem, Darwin foi
tratado como celebridade em sua terra natal. Todos falavam das suas
descobertas.
Reparem que a própria igreja estimulava Darwin a descobrir os segredos de
Deus. Mas não imaginavam a reviravolta que a história natural sofreria quando
Darwin publicou seus trabalhos sobre evolução onde informava que a vida era um
resultado de milhões de anos de evolução, que os animais não eram eternos e,
para desespero da crença religiosa, nem o homem era especial sendo também
resultado de uma evolução com ancestrais semelhantes ao homem moderno.
Ainda não compreendiam a grandiosidade que as descobertas de Darwin poderiam
desencadear. Darwin, mesmo após seus trabalhos ao redor do mundo ainda se
preocupava em ter tudo cuidadosamente registrado e classificado. Seu professor,
Henslow, ajudava a organizar os conteúdos sobre botânica enquanto Darwin
procurava os melhores naturalistas de Londres para descreverem as demais
coleções. Darwin estava num momento de sucesso, seus estudos e a ajuda
financeira do pai lhe permitiram construir uma vida tranquila. Poderia descansar
e não mais se envolver com esses trabalhos se quisesse.
Richard Owen (criador do termo "dinossauro"), importante paleontólogo
e anatomista da época, estudou os fósseis que Darwin trouxera da viagem,
descobriu que os donos daqueles ossos eram animais extintos (preguiça-gigante e
tatu-gigante) e surpreendeu a todos ao anunciar isso, o que veio a melhorar
ainda mais a reputação de Darwin.
Charles Lyell, importante geólogo, quem introduziu Darwin à natureza,
ajudou-o a apresentar seu trabalho afirmando que as massas terrestres da
América do Sul estavam se erguendo lentamente. O capitão do navio Beagle
contribuiu escrevendo sobre a viagem e coletando pássaros. Fez uma descrição
até melhor que Darwin sobre eles.
Após seu retorno uma multidão de pessoas importantes da história, envolvidas
com a biologia de alguma forma, fizeram uma roda em torno de Darwin porque
sabiam da importância dos seus achados e estudos para a compreensão dos seres
vivos. Entre os mais notáveis estavam Richard Owen, Charles Lyell, George R.
Waterhouse (que cuidou dos trabalhos referentes aos mamíferos), Jhon
Gould (que cuidou da parte dos pássaros) e uma escritora livre pensadora
chamada Harriet Martineau que, junto com Darwin e seu irmão Erasmo,
diversas vezes discutiam que Deus controlava a natureza por meio de leis
naturais. Era o início de um embate que perturbaria os alicerces dos dogmas
católicos para sempre devido às contradições bíblicas e científicas.
Em 1837 havia surgido trabalho para muita gente. O capitão do navio, FlitzRoy,
começou a escrever um livro ainda na viagem de Darwin sobre história natural e
pediu que Darwin contribuísse com suas anotações. Charles Lyell sugeriu que
fósseis de animais extintos fossem comparados com os animais vivos da mesma
região. Darwin escrevia seu livro sobre a geologia da América do Sul e
suspeitava de transmutação de uma espécie em outra, uma ideia muito polêmica na
época, mas que Darwin mantinha em segredo. Darwin também iniciou um trabalho
que organizava os relatórios de vários especialistas que estudavam sobre o
assunto em uma obra de vários volumes intitulada como "Zoologia da
Viagem do H.M.S. Beable". No mesmo ano de 1837 iniciou um trabalho
secreto sobre as transmutações das espécies onde expeculava que, apesar de cada
ilha de Galápagos ter sua própria espécie de tartaruga, todas eram descendentes
de um único ancestral. Essa ideia ainda seria enriquecida mais tarde, gerando
polêmica e explicando, de forma convincente a teoria da evolução dos seres
vivos.
Nessa correria do ano de 1837, Darwin ficou com a saúde mais debilitada,
precisava terminar seus trabalhos como "Zoologia" e revisar
seus diários. Para repousar passou um mês na casa de parentes no campo onde
narrava suas aventuras ao redor do mundo. No ano seguinte viajou para a Escócia
onde analisou o solo de um local que acreditava se uma extinta praia que se
elevou. Porém foi comprovado mais tarde se tratar da encosta de um antigo lago
glacial que secou intercaladamente deixando terraços geológicos semelhantes a
uma praia.
O trabalho que Darwin realizou em vida deixou a fé de muitos abalada,
inclusive a sua e de sua mulher e prima Emma Wedgwood que se preocupava
com as ideias de transmutações que Darwin tanto debatia. Para ela, tais ideias
se confrontavam com sua crença de um dia os dois se encontrar após a morte.
Principalmente num momento em que Darwin já não estava bem de saúde.
Casar com Emma foi, para Darwin, uma decisão difícil e estranha para muitos.
Não pelo fato de ser sua prima visto que antigamente se casar com parentes era
uma forma de manter o nome da família em destaque, mas porque Darwin fez uma
pequena lista com os benefícios e prejuízos de um casamento. O casamento lhe
tomaria tempo e dinheiro, mas garantia uma companhia melhor que de um cachorro.
Acabou se casando com ela em 1839 apesar dos contras de sua lista e com ela
teve 10 filhos, dos quais muitos tiveram uma carreira de sucesso e outros
morreram prematuramente. Seu segundo filho, uma menina, morreu aos 9 anos e fez
a fé de Darwin desmoronar de vez e, com isso, passou a não acreditar em um Deus
benevolente.
A teoria da Seleção Natural das Espécies (seu principal trabalho) foi
reforçada quando Darwin associou animais cruzados artificialmente, para
obtenção de animais com melhores características, com suas pesquisas. Além
disso, considerou a teoria de Thomas Malthus que previa uma falta de
recursos naturais para uma população que vinha crescendo demais, a humana. Sua
teoria ia se firmando aos poucos conforme ia comparando os dados de suas
pesquisas com outras teorias.
Na verdade Darwin se esforçou dobrado em vida. Primeiramente porque era um
naturalista muito ocupado com seus trabalhos "inspirados por Deus" e,
em segundo lugar, porque desenvolvia uma teoria secreta sobre evolução. Até
mesmo a teoria do movimento de massas terrestres era interessante, mas não
ameaçadora à religião, mas a palavra "evolução" tinha de ser usada
com cautela. Darwin trabalhava secretamente na teoria da transmutação das
espécies que viria ser base para a Seleção Natural, seu principal trabalho em
vida. Eram poucos que sabiam desse segundo trabalho de Darwin. Ele juntava aos
poucos evidências para, sabidamente, se defender dos contras que viria
enfrentar depois, quando publicasse essas ideias.
Londres era a cidade onde Darwin criou um museu, morou com Emma e onde
realizava seus principais trabalhos porque era lá que ficava a "nata"
científica da sociedade. Mas devido à sua debilitada saúde, precisou se mudar
com a família para uma fazenda no ano de 1842. Morar num lugar calmo até
ajudou Darwin a produzir mais. Ele comentava com familiares e amigos sobre a
seleção natural, mas era um assunto que causava indiferença. Quem ouvia sobre o
assunto até aceitava a possibilidade, mas desde que o selecionador fosse Deus.
Joseph Danton Hooker foi um botânico contemporâneo de Darwin, melhor
que isso, os dois foram colegas de profissão e juntos puderam entender melhor a
formação de fósseis e fizeram junto um estudo aprofundado sobre cracas (ser vivo
hermafrodito). Semelhanças entre as características dos animais, estudando as
cracas, ajudaram a compreender que pequenas alterações no corpo podem ser úteis
em certos ambientes. Mas ainda era cedo para publicar sua teoria de
evolução e origem das espécies. Tomas Henry Huxley entra em cena para
apoiar Darwin em suas ideias. Huxley foi um importante biólogo britânico que,
assim como Hooker, também viajou pelo mundo em busca de conhecimentos.
As ideias de Darwin sobre evolução não recebiam muitos créditos de quem as
ouvia apesar de cientistas de renome, como os citados acima, as apoiarem. Para
ofuscar ainda mais sua teoria, uma outra área da biologia se iniciava
convencendo os cientistas que haviam pequenas mutações que não comprovavam a
evolução darwiniana. Era a genética que entrava em cena com os trabalhos de Gregor
Mendel (pai da genética) sobre cruzamentos de ervilhas e insetos. Somente
após 50 anos que a genética mendeliana e evolução darwiniana entraram em
sintonia com a síntese moderna (genética de populações).
Darwin começou suas experiências próprias usando plantas em água salgada e
pombos com uma hipótese forte em mente: a de que os animais com características
específicas se saiam melhor na sobrevivência em certos ambientes que outros e
tais características eram mantidas, ou seja, os gêneros dos animais eram
resultados de uma seleção natural. Paralelamente um outro notável naturalista
alcançava as mesmas conclusões. Seu nome era Alfred Russel Wallace e foi
descoberto por Darwin através de seu colega de trabalho, Lyell (que ajudou
Darwin no início da carreira). Lyell sugeriu que Darwin acelerasse seu trabalho
de seleção natural para publicá-lo o quanto antes. Porém Darwin recebeu uma
carta de Wallace perguntando se ainda estudava sobre a evolução das espécies
com enfoque na origem do homem. Darwin tentou ser evasivo nas respostas, mas
Wallace continuou seus estudos e enviou seus relatórios para Darwin que, com
ajuda de Lyell, decidiram apresentar "a descoberta em comum"
juntamente com Wallace na Lynnean Society em 1957 em um artigo sobre
transmutação.
Mas a publicação do trabalho definitivo sobre a origem das espécies através
da seleção natural ocorreu somente em 1959. Se por um lado sua apresentação de
1957 (onde não pode ir devido à morte de um dos filhos) com Wallace não surtiu
o efeito esperado na comunidade científica visto que havia várias ideias
diferentes sobre evolução na época, a publicação da "A Origem das
Espécies" (Seu maior trabalho) foi um sucesso esgotando rapidamente os
livros à venda. Nesse livro Darwin foi cuidadoso e quase não usou a palavra
"evolução" e comentou em seu final que uma luz ainda surgiria no
tocante a origem do homem e sua história.
A polêmica estava lançada e todos comentavam sobre a "nova
teoria". Darwin acompanhava o alvoroço na sociedade. Havia prós e contras
à ideia da evolução que, indiretamente, atiçava a comunidade religiosa porque
evolução implicava em causalidade e Deus ia ficando de lado. Até mesmo Richard
Owen que gostava de estudar sobre fósseis criticou o livro. A parte do livro
mais polêmica falava sobre a descendência do homem através de um ancestral
comum com o macaco. Jovens e promissores naturalistas eram quem mais gostavam e
apoiavam essa evolução. Antigos professores religiosos de Darwin o criticaram e
debates científicos ficaram acalorados. Joseph Hooker e Thomas Huxley
defenderam Darwin num debate científico ocorrido em Oxford onde ocorreu um
debate histórico onde religiosos e não tão religiosos assim" trocaram
diversas alfinetadas.
Após sua obra mais célebre (Evolução das Espécies por meio da Seleção
Natural), Darwin não abandonou seus estudos sobre os seres vivos. Mesmo doente
escreveu sobre a psicologia humana como resultado de uma evolução que ainda
trazia comportamentos primitivos apesar da inteligência. Escreveu sobre
botânica (junto com um dos seus filhos), sobre o mecanismo da seleção sexual e,
claro, sobre a evolução humana. No livro de dois volumes, sendo o segundo mais
importante, chamado de "A Evolução do Homem e a Seleção em Relação ao
Sexo" Darwin explicava a origem do homem e da sua psicologia. No seu
último grande trabalho "A Expressão das Emoções no Homem e Animais"
foi escrito que homens e macacos mostravam as mesmas expressões e
comportamentos emotivos quando estimulados. Era o oposto dos trabalhos de
Charles Bell (anatomista) que afirmava que as expressões de emoções eram de
origem divina.
É reconhecido que outros escreveram sobre seleção natural antes de Darwin,
mas nenhuma teoria que pudesse ser testada. Darwin ficou doente com frequência
nos últimos 22 anos de vida, vindo a falecer aos 73 anos de idade. Foi
sepultado ao lado de importantes personagens da história, seu colega Charles
Lyell, William Herschel (astrônomo alemão) e Isaac Newton na Abadia de
Westminste em Londres.
Nota do autor: Notem que Darwin criou o evolucionismo que até hoje
contradiz a criação divina, mesma assim foi sepultado numa igreja católica:
"Um dos mistérios da psicologia humana que associa ou desassocia
valores ao longo do tempo e que Darwin adoraria estudar"
"O homem traz em sua
estrutura física a marca indelével de sua origem primitiva"
(Uma das frases de Darwin)
Note que até este ponto muito se informou sobre como os trabalhos de Darwin
influenciaram uma multidão a questionar a origem do homem ou de qualquer outra
espécie. Darwin foi uma das vítimas (na visão religiosa) da perda de fé. Até
estudou teologia na juventude, mas sua família era composta de pensadores
livres. No início da fase adulta começou a supor que havia uma seleção natural,
mas guiada por Deus. Com a morte de sua filha e vendo a luta pelas espécies na
sobrevivência do mais forte anulou de vez a fé em um Deus benevolente. Dizia,
quando questionado, que era um agnóstico (sem religião) e não um ateu
(que não acredita na existência de Deus) como muitos acreditavam.
Como resultado do reconhecimento por parte da sociedade de que o homem é
resultado de uma seleção natural, vieram trabalhos sobre eugenia
(seleção artificial na raça humana) com bons interesses, mas Darwin não era a
favor dizendo que isso era difícil de alcançar e a seleção do cônjuge seria
mais sensato. Apesar disso a Alemanha Nazista, durante a 2ª G.M., tentou mudar
a sociedade com medidas agressivas de eugenia, e isso veio a escurecer a ideia
eugênica até os dias atuais.
Um ramo da antropologia surgiu depois da morte de Darwin e se chamou "Darwinismo
Social" que fala sobre a vida econômica da sociedade onde o mais forte
prevalece sobre o mais fraco e a semelhança com a seleção natural entre os
animais irracionais fica evidente. Entretanto a ideia dessa "sociedade em
competição" surgiu com Thomas Malthus e Herbert Spencer antes
de Darwin publicar sobre a evolução e seleção das espécies. Aliás, sabe-se que
Darwin até se inspirou nos trabalhos desses dois personagens históricos para
desenvolver suas ideias.
Fim.
Para saber mais assista aos documentários:
150 anos de Charles Darwin
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