Veja mais em Sistemática e Taxonomia
Introdução:
Antes de dar início do assunto principal do texto (classificação dos
seres-vivos) é interessante saber a teoria mais aceita sobre a origem da vida e
como ela se tornou como é hoje. Essa teoria é cheia de detalhes resultantes de
pesquisas, mas é bem provável que muitos detalhes serão mais bem entendidos
conforme novas pesquisas são feitas pela biologia.
A vida é composta basicamente de carbono, hidrogênio e alguns outros
elementos que surgiram muito antes da vida, há cerca de 6,5 bilhões de anos.
Mas foi somente a cerca de 3,5 bilhões de anos
que uma combinação rara deu início à primeira célula composta por esses
elementos e capaz de se dividir. Era uma célula viva simples composta
provavelmente por DNA e sem núcleo. Na teoria do surgimento da vida, o consenso
mais comum é que tenha surgido na água durante o período Arqueano.
Milhões de anos se passaram até que essa célula se desenvolveu para uma
célula Eucarionte (com núcleo e organelas). Assim surgiram os primeiros seres
pluricelulares denominados Trilobitas.
Evoluções continuaram e resultaram em peixes que dominaram os mares durante
o período Devoniano. Por alguma razão
os peixes foram se modificando, suas nadadeiras foram se transformando
em patas permitindo que chegassem às margens dos continentes em forma de
anfíbios. Claro que eles viviam, no início, em pântanos garantindo água
para seus corpos e, assim, foram se evoluindo para répteis pequenos,
depois os dinossauros. Dos répteis surgiu a classe dos ancestrais dos mamíferos
chamados de sinapsídeos. Eram pequenos e viviam em segundo plano frente
aos dinossauros.
Os dinossauros reinaram durante milhões de anos e, devido a um cataclismo (a
queda de um meteoro é a teoria mais aceita) que os dizimou e tornou o
acesso a comida muito difícil favorecendo os pequenos mamíferos que
sobreviveram e posteriormente se tornaram maiores.
Estima-se que 99,99% de toda espécie de animal que já pisaram na Terra foram
extintos ao longo do tempo. Por isso é muito raro encontrar um fóssil idêntico
ao outro.
Sistemática:
A sistemática é o ramo da biologia que pesquisa e classifica
as formas de vida. Ela se divide em taxonomia que descobre, descreve e
classifica as espécies e filogenia que estuda as relações evolutivas
entre as espécies.
A sistemática define, de acordo com as teorias evolutivas, a espécie
como "O agrupamento de populações naturais,
realmente ou provavelmente intercruzantes, produzindo descendentes férteis e
reprodutivamente isolados de outros grupos de organismos"
Isso quer dizer que as espécies não se cruzam naturalmente se viverem em
regiões separadas, mas somente se houver intervenção do homem, ou seja, serem
cruzadas artificialmente quando colocadas no mesmo local e podem geram
descendentes férteis.
Há outras definições para a espécie para explicar os seres
assexuados, ou seja, que não necessitam de um parceiro do sexo oposto para se
reproduzirem.
A evolução permitiu que muitas espécies surgissem ao longo do tempo de uma
forma ou de outra. Algumas espécies sofreram mutações ou recombinações
genéticas permitindo sua preservação no meio ambiente. Essas evoluções são
classificadas como "anagênese" quando ocorrem num mesmo local.
Caso a espécie sofra uma separação natural, como a separação do ambiente pelo
surgimento de um rio, movimento de placas tectônicas, etc., chamamos de "cladogênese"
e essas populações separadas podem até ter sua própria história evolutiva
gerando espécies diferentes.
Recordando que a sistemática é dividida em taxonomia (que divide os seres
vivos de acordo com suas características) e filogênese que vai mais afundo
(estuda a árvore genealógica) ajudando a taxonomia.
História da Classificação:
A classificação dos seres-vivos é antiga e remonta os tempos da Grécia
Antiga onde Aristóteles (Século 4 a.C.) classificou os seres-vivos pelo
tipo de reprodução e pela presença ou não de sangue vermelho. Muitos outros
contribuíram para a classificação e hoje contamos com técnicas avançadas de
classificação através de relações evolutivas com a ajuda da genética.
O discípulo de Aristóteles chamado Teofrasto, considerado "Pai
da Botânica" classificou as plantas de acordo com seu uso e forma de
cultivo resultando em tipos como árvores, arbustos, subarbustos e ervas.
A classificação começou simples e foi se tornando complexa, mas a medida que
os conhecimentos vão se acumulando a classificação deve permanecer o mais
simples possível e hoje contamos com a biologia dividia em 5 grandes reinos
denominados Reino dos Protistas, Reino das Bactérias (Moneras),
dos Fungos (Fungi), das Plantas (Plantae) e dos Animais
(Animalia). Entretanto um microbiologista, mais recentemente, ofereceu uma
classificação mais resumina onde a vida é dividida apenas em três domínios
"Archaea" (Bactérias primitivas), "Bacteria"
e "Eucarya" (Seres vivos formados com células eucariontes, ou
seja, com núcleo e organelas).
Surgiram vários outros colaboradores de renome como Charles Darwin
(Pai do Evolucionismo) e atualmente contamos com a ajuda da genética para
melhor compreender a classificação.
Mais abaixo segue uma cronologia com os principais colaboradores para a
classificação dos seres-vivos
Colaboradores da Biologia:
Aristóteles - Foi um grande filósofo que viveu na Grécia no século 4
a.C. Pelos registros preservados da história da humanidade, foi o primeiro a
classificar os seres vivos de acordo com sua forma de reprodução e de acordo
com a presença ou não se sangue vermelho.
Teofrasto - Discípulo de Aristóteles, também grande filósofo
considerando o "Pai da Botânica". Ficou a seu cargo classificar as
plantas de acordo com suas formas de uso e cultivo. As plantas para ele se
dividiam em árvores, arbustos, subarbustos e ervas.
Carlos Lineu - Foi um botânico, zoólogo e médico sueco do século
XVIII. Forneceu uma grande contribuição para a biologia criando a Nomenclatura
Binomial e a Classificação Científica sendo assim considerado o "Pai da
Taxonomia Moderna". Foi o botânico mais famoso de sua época. Até mesmo
Catanina II da Rússia certa vez lhe enviou sementes para estudo. Como ele viveu
antes da descoberta e aceitação da evolução das espécies, ele acreditava que
Deus havia criado todos os animais e sua quantidade continuava a mesma desde
sempre. Mas isso era uma ideia de todos para aquela época. Lineu foi o responsável
pelas divisões dos seres em Reino, Classe, Ordem, Gênero e Espécie. Posteriormente
foram incluídos os Filos e Família.
Jean-Baptiste de Lamarck - (Século XVIII ao XIX). Foi um
naturalista francês. Autor da "Teoria dos Caracteres Adquiridos". Para
Lamarck um ser vivo (espécime) modificava seu corpo para se adaptar ao meio
ambiente e com isso seus descendentes nasciam modificados. Ideia combatida
pelas teorias de Darwin.
Charles Darwin - (Século XIX). Autor de obras como "A Origem das
Espécies" e "Teoria da Evolução". Após anos de estudo viajando
pelo mundo, descrevendo e classificando formas de vida, mudou os paradigmas da
sociedade que ainda acreditava que na teoria de Lamarck. Para Darwin um
indivíduo (espécime) não nascia idêntico a outro da mesma espécie. Essa
diferença física ou fisiológica poderia ou não favorecer sua vida. Caso
sobrevivesse favorecido pela sua diferença ele tinha mais sucesso na
reprodução. Como os descendentes nascem com características dos pais, a
diferença era preservada. .
Edward Orborn Wilson - É a pessoa mais recente na história a
contribuir para a classificação dos seres-vivos. Ele é criador do temo "Biodiversidade",
fundou a sociobiologia ao defender o "Projeto Genoma". Ele defende
uma sistemática descritiva para preservar a biodiversidade.
Classificação:
Agora que já sabemos os principais colaboradores para a classificação dos
seres-vivos ao longo do tempo. Vamos ver como é o resultado da classificação
hoje:
Note que o cão, nesse caso, é o animal que se encaixa em todos os subtipos.
Ele é do reino animal, é simétrico bilateralmente (chordata), possui vértebra,
é mamífero, carnívoro, canino, cão (claro) e doméstico. Cada classificação
exige alguns critérios e o cão passa por todos eles. O mesmo acontece com o
gato doméstico. Porém ele é da família dos felinos e seu gênero e
"gato". Mas a imagem acima mostra apenas uma parte da classificação.
Temos os Reinos que iniciam essa organização de seres vivos. Os reinos variam
entre Protista (protozoários), Monera (Bactérias), Fungos, Plantas e Animais.
Uma informação interessante é que a Sistemática ainda tem muito trabalho
pela frente já que muitos seres vivos ainda não foram descritos e catalogados e
uma dos objetivos da classificação é conter doenças ao ser-humano já que mais
da metade dos organismos do planeta são parasitas.
Nomenclatura Científica:
Muito tempo se passou desde que o homem começou a catalogar os seres vivos,
mas cada região do planeta dava nomes diferentes, principalmente devido ao
idioma. Para colocar ordem nessa classificação Carlos Lineu (citado acima)
resolveu criar normas com uma nomenclatura binomial (dois nomes). Através de seus
trabalhos se estabeleceram normas para a botânica e zoologia permitindo que
todos ao redor da Terra se entendessem e compartilhassem suas descobertas. Foi
somente em 1901 que essa normalização entrou pra valer e segue os seguintes
critérios:
1- Os nomes devem ser expressos em latim ou pelo menos
latinizado como o verme Trypanossoma Cruzi .
2- Devem ser escritos no estilo "itálico" (letra
fina e inclinada). Se não for possível devem ser grifados.
3- Devem contar duas palavras apenas. A primeira indica o
gênero e a segunda um nome referente à espécie. Juntos eles determinam o nome
da espécie. Subespécies podem ter três palavras.
4- A primeira palavra deve ser um substantivo (pode ser
composto), mas iniciar com letra maiúscula. A seguda palavra deve iniciar com
letra minúscula e ser um adjetivo. Exemplo: Homo sapiens.
5 - Os nomes de famílias devem conter sufixos (terminarem em) "idae"
quando animais e "aceae" quando plantas. Exemplos: Cão = Canidae
e palmeira = Palmaceae.
Essa forma de organizar os seres vivos pode ser compreendida por biólogos de
todo o mundo e evita que uma mesma espécie pode ser descrita duas vezes.
Atualmente quem controla as nomenclaturas é o Código Internacional de
Nomenclatura Zoologia.
A partir do século XX se tornou muito frequente a reclassificação devido às
novas pesquisas científicas. Se houver um novo gênero descoberto, o segundo
nome pode ser escolhido pelo descobridor.
O biólogo que descobrir um novo ser vivo pode livremente escolher os nomes
seguindo as regras acima. Pode ser seu nome, nome do lugar onde foi encontrado,
do nome popular ou de uma característica do ser vivo.
Nomenclatura Popular:
Geralmente é o nome que pega primeiro antes do biólogo estudar, descrever e classificar.
Esse tipo de nomenclatura é considerado "vulgar" pela biologia".
Um animal ou planta pode ter nomes diferentes dependendo da região. Abacaxis de
diferentes espécies são chamados simplesmente de abacaxis em vários locais e
uma mesma espécie de animal ou planta pode ter nomes diferentes causando
confusão em alguns casos. Exemplos disso é um animal cientificamente denominado
como "Eremita brasiliensis" é chamado no Rio de Janeiro como
"tatuí" e em São Paulo e Paraná é chamado de "tatuíra"
Filogênese:
Filogênese é o ramo da Biologia que estuda a árvore genealógica dos seres
vivos buscando seu ancestral em comum. Todos os seres vivos possuem célula,
logo calcula-se que o primeiro ser vivo foi uma célula simples capaz de se
reproduzir. Esse estudo dos ancestrais foi fortemente estabelecido com as
teorias de Charles Darwin e Alfred Russel Wallace que, juntos, criaram a
ideia mais sensata sobre o desenvolvimento dos organismos ao longo do tempo.
A palavre "filogênese" oriunda do grego "phylon" +
"génesis" que significa "raça" e "origem"
respectivamente.
Como a vida surgiu na água o peixe foi a primeira classe a surgir.
Posteriormente se transformou em anfíbio e, segundo alguns defendem, em réptil
também. Dos anfíbios não surgiram outras classes. Dos répteis vieram os
mamíferos e depois as aves, as últimas a integrarem a classificação das
classes.
Como vocês podem ver, em algum momento da história da biologia, a cerca de
350 milhões de anos atrás os peixes tiveram duas formas de saírem das águas
para dominar a terra, como anfíbios e como répteis. Outra curiosidade são
espécies de animais que não sofreram alterações significativas a mais de 500
milhões de anos como as lampreias, um animal marinho com uma fisiologia
bem primitiva como uma única narina e uma boca em forma de ventosa. Foi um dos
primeiros seres vivos a possuir simetria bilateral, ou seja, serem cordados.
A taxonomia, como já informado, estuda e classifica os animais, por
isso é abastecida pelos trabalhos da filogenia que descobre o parentesco dos
animais e repassa essas informações a taxonomia. Vale lembrar que
"taxonomia" vem de "táxon" que pode ser qualquer tipo de
animal ou o grupo (população) formado por eles, sendo assim táxon pode ser um
gato, pode ser um felino, um vertebrado ou um cordado. Mas taxonomia será mais
bem abordado em um artigo próprio.
Na biologia existem estudos superficiais para entender a evolução das
espécies, mas somente o estudo da filogênese fornece as melhores ferramentas
para esse estudo como o cladrograma que apresenta graficamente a árvore
genealógica. Além disso, a filogenética lança mão de computadores para ajudar
no trabalho, por isso a sistemática (taxonomia + filogênese) vem crescendo bastante.
A filogenética até melhorou a definição do que é uma espécie. Segundo ela, uma
espécie é "um grupo ou população definida por uma ou mais condições
derivadas constituindo o menor agrupamento taxonômico reconhecível" e não
importa se o indivíduo é sexuado ou assexuado.
Cladística
Também conhecida como sistemática filogenética, se trata de um
ensinamento (escola) da biologia criado para ajudar a compreender a relação
evolutiva das espécies. Todos os animais tem um grau de parentesco, mesmo que
seja bem pequeno e a diferença entre dois animais seja bem drástica. Como se
pode notar é um estudo da filogênese (filogenética). O cladograma é usado pela Cladística.
É um diagrama que representa graficamente o grau de parentesco entre os táxons.
Abaixo segue um bom exemplo. Um dos mais completos que se pode encontrar.
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