Não
bastasse a onda de gripe suína que assustou a humanidade quando se espalhou num
nível pandêmico, agora o Brasil alerta sobre uma bactéria. Não é mais o vírus
suíno que preocupa, já que este se mostrou menos prejudicial do que o temido.
A superbactéria denominada KPC (Klebisiella Pneumoniae
Carbapenemase) é muito resistente aos antibióticos. A diferença dessa bactéria
frente às outras é sua grande resistência que ela adquire conforme o indivíduo
contaminado vai tomando antibióticos.
Essa
bactéria já era conhecida, porém passou por modificações devido aos
antibióticos. Os primeiros casos registrados no Brasil aconteceram no Distrito
Federal e em algumas semanas outros hospitais, atentos com o caso da capital,
começaram a voltar sua atenção para essa bactéria e registrar outros casos. Por
isso a Ministério da Saúde já está
providenciando medidas para conter uma possível evasão dos hospitais para
outros setores.
A ANVISA
criará novas leis para a venda de antibióticos
em qualquer farmácia ou drogaria. Todos os antibióticos deverão ser vendidos
mediante receita médica. Assim eles receberão os mesmos cuidados dos
psicotrópicos, será um medicamento controlado.
O alvo
dessa bactéria são pessoas que tenham uma imunidade comprometida e pacientes de
UTIs de hospitais.
Tudo
indica, segundo pesquisas, que essa superbactéria é uma bactéria recente
adquirida em países do sul da Ásia e trazidas para o Brasil por viajantes que
realizaram cirurgias plásticas por lá.
Em 2009
um estudo foi publicado na revista "The Lancet" informando que esta
bactéria KPC assim como outra chamada de Escherichia Coli (que produz infecção
urinária) possui um gene denominado NDM-1
que torna a bactéria muito resistente aos antibióticos mais fortes como a
classe dos carbapenemas.
A
superbactéria causa pneumonia e, se não contida, pode causar uma pandemia no
futuro. O que é preocupante.
Na
Grã-Bretanha também há casos e foi identificado que a bactéria por lá veio
através de pessoas que viajaram para a Índia e para o Paquistão à procura de
tratamentos cosméticos. Pessoas foram analisadas tanto na Grã-Bretanha quanto
na Índia e no Paquistão. Na Índia foram feitas análises em duas cidades, sendo
que em uma delas, 1,5% dos analisados estavam contaminados e 8% na outra
cidade, o que dá um total de 70 casos. Isso em 2009. Na Grã-Bretanha os únicos
medicamentos efetivos foram a Tigeciclina e a Colistina.
Alexandre Cunha,
infectologista e atual presidente da Sociedade
Brasileira de Infectologia do Distrito Federal, quem tem mais chance de
se contamina com a bactéria KPC são pacientes com sondas ou cateter
hospitalizados em UTIs. Pessoas que venham a ter contato com o paciente
contaminado têm poucas chances de desenvolver uma doença relacionada à bactéria
se tiver com sua imunidade bem equilibrada. Mesmo se a bactéria estiver sob a
pele ou no trato digestivo. Ainda segundo ele deve haver mais atenção na
assepsia e cuidado para que a bactéria não se espalhe por outras unidades de atendimentos
de pronto-socorro.
A
prevenção é essencial já que o tratamento é difícil. Por isso os médicos e
enfermeiros devem tomar os mesmos cuidados que os visitantes como a higienização
das mãos, usar de luvas e máscara para uma prevenção mais eficaz. Além disso,
deve-se isolar a pessoa contaminada como medida de segurança.
Segundo o
Jornal Correio Brasiliense um dos
grandes obstáculos no combate a essa bactéria, principalmente se houve uma
epidemia é a falta de antibióticos no mercado. Os médicos, nessas
circunstâncias, devem misturar até três medicamentos para criar um antibiótico
efetivo, o que torna o medicamento muito caro. O principal fator de
contaminação por essa bactéria é a falta de higienização, geralmente quando um
paciente contaminado é transferido de um leito para o outro. Além do leito
infectado é nesse momento em que médicos e enfermeiros tem contato com a bactéria.
Ouvida
pelo Correio Brasiliense, a infectologista Maria de
Lourdes Ferreira Lopes declara que a regulamentação da ANVISA ajudará no controle das infecções nos
ambientes domésticos e hospitalares. Ela também afirma que "o uso indiscriminado de antibióticos em hospitais e pela
população em geral é o principal motivo de aumentos das resistências
bacterianas no Brasil".
Tudo isso
acontece, segundo ela, porque o cidadão em sua casa tem uma febre e já vai
comprar um antibiótico até mesmo sem prescrição médica. Se for contaminado por
um vírus que naturalmente fica no corpo menos de 48h já toma antibióticos, seja
comprado ou num estoque em casa onde há sobras de antibióticos usados em
infecções anteriores. Tudo isso ajuda as bactérias a ficarem cada vez mais
resistentes. O que ocorre, mais especificamente é que quando tomamos
antibióticos nós eliminamos tanto a flora natural do intestino quanto as
bactérias. Porém algumas bactérias sobram e se modificam se tornando mais
resistentes. Como não há flora suficiente para combate essa nova bactéria ela
fica livre para atuar no organismo e uma nova dosagem de antibióticos não fará
efeito algum.
José Gomes Temporão (ministro da saúde) já aplicou medidas que devem ser cumpridas pelas
farmácias e drogarias de todo o Brasil. Essa lei obriga que os farmacêuticos só
vendam antibióticos mediante a apresentação de receituário médico. E fica a
cargo da ANVISA a responsabilidade por punir o comércio que não cumprir com
essa determinação.
Informações sobre a bactéria KPC e
métodos de tratamento e prevenção:
- A bactéria KPC, denominada popularmente como "Superbactéria" é resistente a 95% dos medicamentos fornecidos pelo mercado farmacêutico.
- Ela surgiu devido às mutações genéticas aos antibióticos. É um mecanismo de defesa natural da bactéria para sua sobrevivência.
- A confirmação da contaminação de uma pessoa é feito através da análise do material coletado do sistema digestivo.
- Cerca de 90% das pessoas que tem contato com a bactéria não desenvolvem doenças relacionadas.
- Se o paciente estiver com a imunidade baixa pode desenvolver um processo infeccioso.
- As doenças podem variar entre uma leve infecção no sistema urinário até uma pneumonia grave que pode resultar em morte.
- Poucos são os medicamentos eficientes para combater a infecção. Um deles é chamado de polimixina.
- Para prevenir novas contaminações, as pessoas que tiveram contato com uma pessoa infectada devem lavar suas mames e desinfetá-las com álcool 70%.
- Profissionais da saúde devem manter as unhas bem aparadas (curtas), não devem se alimentar no ambiente de trabalho, usar cabelos presos e preferir usar sapatos fechados.
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