segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A Curiosa Vida das Cigarras

Há muitos anos um episódio de um seriado de comédia mexicana mostrou um triste caso de uma cigarra que perdeu seu marido. Ao ser interrogada pela Branca de Neve sobre a saúde do seu companheiro, a dona cigarra respondeu que ele foi fumado.
Logo se percebe a relação e até hoje os adultos contemporâneos que se entretinham com tal seriado se lembram e acham engraçado a situação hipotética de uma cigarra macho sendo acesa como um cigarro. Mas acontece que a origem dos nomes não tem relação. O termo "cigarra" tem origem latina enquanto que "cigarro" provém do castelhano e francês.

As cigarras são insetos que vivem mais tempo no solo do que nas árvores, por isso é um engano acreditar que elas possuem uma vida curta.  Algumas espécies podem viver até 17 anos e outras apenas 2 anos, mas ainda assim é um tempo de vida longo para um inseto. Os biólogos afirmam que uma vida tão longa foi um meio de evitar sua extinção já que muitos dos predadores em potencial vivem menos e não reconhecem a cigarra como alimento, dando assim mais segurança às mais de 1500 espécies de cigarras existentes em todo mundo, e não importa se é clima frio ou quente. Elas estão por muitos continentes.

Entretanto as cigarras possuem predadores que não ficaram bloqueados pelo ciclo de vida da cigarra. Alguns besouros, formigas, tatus e até fungos e bactérias são predadores da cigarra enquanto elas vivem no solo. Vale lembrar também do ser humano, seu principal predador, que as extermina de suas plantações visando lucros, principalmente de plantações de café, um dos locais que a cigarra adora viver.

A cigarra, como dito acima, pode viver de 2 até 17 anos, sendo que as cigarras que vivem mais estão na América do Norte e na América do Sul as que vivem menos. Eu mesmo acreditava que elas viviam, todas, sem distinção, 17 anos. Mas não é bem assim. Aliás, eu também acreditava que elas explodiam de tanto cantar, mas verifiquei que essa crença surgiu quando seus corpos eram encontrados eclodidos e grudados nos galhos das árvores. Na verdade é apenas a casca de seus corpos que foram abandonadas após a ninfa atingir a fase adulta, bater suas asas, começar a cantar, acasalar, botar ovos e o processo se repetir tudo de novo.

A cigarra possui uma metamorfose incompleta, ou seja, dos ovos viram diretamente ninjas e não precisam ficar uma fase de jejum. Após se tornar adulta, a cigarra,  vive apenas 2 semanas (ou mais em algumas espécies de florestas mais densas). Na fase adulta ela sobe nos galhos, canta, se reproduz e bota seus ovos em pequenas fendas feitas pela própria cigarra onde colocará seus ovos. Os ovos, após eclodir, liberam ninjas que descem até o chão através de teias. Para entender melhor, uma borboleta passa pela fase de pupa antes da fase de ninfa.

No solo, onde a ninfa da cigarra passa a maior parte de sua vida, ela se alimenta da seiva das raízes das plantas. A planta pode adoecer e morrer dependendo do número de ninfas parasitas em suas raízes. Por isso pode se tornar uma praga para as plantações, principalmente às de café como informado acima. Os agricultores costumam combatê-las usando um tipo de fungo que é prejudicial à elas levando-as à morte. Também podem usar juntamente inseticidas para que ela se torne mais frágil ao ataque dos fungos.

Sua cantoria se deve mais aos machos que às fêmeas. Os machos possuem em seu abdômen um sistema composto por músculos e outros elementos que emitem os sons estridentes que ouvimos durante sua época de reprodução. As fêmeas emitem um som, porém mais baixo. E por falar em som, algumas espécies de cigarra alcançam facilmente 120 decibéis exigindo que o próprio macho tenha uma proteção natural em seu tímpano para não sofrer danos de sua própria canção, que, vale lembrar, serve para atrair a fêmea. E uma outra espécie o som é tão agudo que é inaudível pelo homem, mas pode provocar pânico em cães que conseguem ouvir.

Para colocar seus ovos, a cigarra rompe a casca dos galhos em que se fixa e lá coloca seus ovos podendo chegar à várias centenas. Sua alimentação na fase adulta é a mesma da fase de ninfa. Ela suga a seiva da planta, só que desta vez a partir das folhas e galhos. Tal hábito da cigarra de se alimentar e reproduzir na planta que se hospeda causa o que chamamos de "depauperação", que é a retirada de partes da planta para consumo de parasitas.

Como há centenas de espécies com hábitos diferentes, é natural que seus tamanhos também variem tanto. O tamanho das cigarras varia de 1,5 centímetros até 6,5 centímetros. Alguns espécimes podem chegar a mais de 10. Vale lembrar também espécie é diferente de espécime. Enquanto a primeira é todo o grupo a segunda se refere a um indivíduo isolado, ou seja, encontraram uma cigarra que atingiu mais de 10 centímetros, um caso isolado.

Você talvez tenha medo ou receio de se aproximar de uma cigarra adulta, ela parece peçonhenta à primeira vista, mas as cigarras são totalmente inofensivas. Elas não possuem mecanismos de defesa além do próprio som emitido e do ciclo de vida. Quando ameaçadas elas até que cantam alto para se defender e liberam uma substância ao tentar fugir de quem tente tocá-las. Antigamente pensava-se que tal líquido era venenoso, mas análises concluíram que tal substância é basicamente água com leve resíduo tóxico. (Provavelmente é a seiva da qual ela se alimenta).


Glossário
Ecdise - É o termo técnico para definir o momento em que uma cigarra sai de seu corpo de ninja e se transforma em uma cigarra adulta.
Hemimetabolismo - É a definição técnica para um metabolismo incompleto. Holometabolismo é o completo.
Cidadídeos - É a família da qual as cigarras pertencem.
Carineta Fasciculata - É a espécie brasileira.
Megicicada - É o gênero da cigarra norte americana que pode viver 17 anos.

2 comentários:

Unknown disse...

Muito bom, gostei bastante estou estudando meio ambiente e no meu dia dia de estagiário como Educador Ambiental para crianças da região estava com duvida sobre o tempo ou melhor o ciclo de vida da cigarra, e no seu blog obtive até mais conhecimento do que simplesmente aquilo que buscava. Parabéns, obrigado

Unknown disse...

Ninjas não, ninfas... Houve erro de digitação aí no texto. Parabéns pelo artigo.